Carlos Henrique Schroder, novo diretor geral da Globo: ‘Meta de audiência nunca será nosso fator número um’
Carlos Henrique Schroder: "Qualquer produto pode ter flutuação de audiência"
O diretor conversou com jornalistas na noite da última quarta-feira (27) e confessou ter se preparado intensamente para assumir o cargo. “Um dia o Florisbal me chamou em sua sala e disse que precisávamos discutir o futuro. Quando ele perguntou se eu consideraria assumir o cargo, tomei um susto. Foram várias noites sem dormir”, afirmou. “Mas a partir daquele momento passei a ser copiado em todos os emails trocados pela diretoria para saber tudo o que acontecia na empresa. Foram três meses de aprendizado.”
A coluna lista agora os principais trechos da conversa com o diretor-geral da Globo:
TV versus Internet - “A internet não é adversário da TV. É uma maneira de interagir enquanto assiste, uma maneira de trazer o espectador para a televisão a partir de uma segunda tela. Percebemos que capítulo de novela só vê na internet quem perdeu na TV ou quer rever algo no dia seguinte. O desafio da mídia agora é estar com o espectador o tempo todo. A Globo já está em ônibus e barcas, por exemplo.”
Meta de audiência - “Nunca será nosso fator número um. Meta de audiência é consequência. Imagine se a gente tivesse falado para o João Emmanuel Carneiro que a meta de ‘Avenida Brasil’ seria 45 pontos. A novela fechou com 43. Podemos dizer que ela foi um fracasso? De jeito nenhum. Mais do que audiência, para nós, o que importa é ter relevância para o espectador.”
O alcance da Globo - “Não deve haver alguém que assista do ‘Globo Rural’ ao ‘Jornal da Globo’ sem mudar de canal. Ao longo do dia temos pessoas chegando e saindo da Globo. Em um dia, essas pessoas somam 96 milhões. Ou seja: a cada dois dias, atingimos uma população inteira.”
Alta definição - “Até setembro, todos os telejornais serão transmitidos em HD. Nosso plano de digitalização tem como meta alcançar 70% do país até a Copa do Mundo e 90% até 2017″.
Novelas - “Se assisto novelas? Sobre o que você quer que eu fale? Se o Leleco vai ficar com a Tessália (Marcus Caruso e Débora Nascimento, em ‘Avenida Brasil’)? Ou da Chayene (Claudia Abreu, em ‘Cheias de Charme’)? (risos) Eu assisto, mas não dou pitaco. Isso cabe ao Manoel Martins, diretor de entretenimento. O que eu proponho é uma conversa maior, fazer algo para inquietar mais o grupo de autores e diretores para termos conteúdo melhor e inovador. Queremos ter mais oferta para poder decidir os próximos projetos com mais tranquilidade.”
Fim dos programas infantis e audiência das manhãs - “É uma tendência mundial levar a programação infantil para a TV a cabo. É normal que, ao abrir mão disso, a faixa da manhã leve um período para se adaptar. Hoje, o ‘Encontro com Fátima Bernardes’ está completamente estabelecido, chegando a 9 ou 10 pontos em alguns dias. Foi uma decisão muito consciente e amadurecida ao longo de quatro anos.”
Mudanças na faixa da tarde – “Mudar faz parte da dinâmica, mas nesse caso não pensamos nisso. Tanto o ‘Video Show’, quanto a ‘Sessão da Tarde’ e a ‘Malhação’ estão indo bem na nossa avaliação. O que pode haver é uma flutuação de audiência, mas que normalmente se resolve. Qualquer produto pode ter flutuações. O que temos de fazer é melhorá-lo, precisamos renovar o tempo todo. Mas, para mudar, precisa haver um real problema. Não há, a curto prazo, nenhuma intenção de mexer na grade da tarde.”
Funcionários que vão para outra emissora e são barrados em possível volta - “Isso só acontece quando há uma quebra de contrato. Se o funcionário resolve ir para outra emissora depois que seu contrato chega ao fim por motivos financeiros ou qualquer outro, tudo bem. Ele está no direito dele, é a lei do mercado. Ele pode passar um tempo fora e até mesmo voltar. Mas se ele rompe um compromisso antes do fim, é como se ele rasgasse um contrato. E aí quebra o elo de confiança. Nós preservamos a fidelidade. Como saber se alguém que quebrou esse elo manteria um novo contrato? Se o funcionário deixou a Globo com rompimento de contrato, ele não volta.”
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