Na ONU, Vaticano admite existência de autores de abuso sexual no clero


Um homem segura cartazes contra a Santa Sé em frente à sede do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, em Genebra
Foto: FABRICE COFFRINI / AFP
Um homem segura cartazes contra a Santa Sé em frente à sede do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, em Genebra
GENEBRA - Na sua primeira prestação de contas na ONU sobre acusações de abuso sexual cometido por sacerdotes, o Vaticano reconheceu nesta quinta-feira que há autores de abusos no clero. O painel das Nações Unidas acontece um pouco mais de um mês após o Vaticano se recusar, em dezembro passado, a fornecer informações à organização a respeito de investigações internas sobre o crime.

- Há abusadores entre membros das profissões mais respeitadas do mundo e, infelizmente, entre os membros do clero e outros funcionários da Igreja - reconheceu o arcebispo Silvano Tomasi, representante do Vaticano nas Nações Unidas em Genebra.

Tomasi começou a apresentação da Santa Sé diante do Comitê da ONU sobre os Direitos da Criança, na primeira vez que a hierarquia da Igreja Católica participa de audiência pública sobre abuso sexual de menores cometidos por padres em todo o mundo.

Ele ressaltou que o Vaticano vê cada criança como “inviolável - corpo, mente e espírito”. E que é importante saber o que aconteceu no passado para evitar que o problema se repita e para que a justiça seja feita. Tomasi afirmou ainda ao painel que gostaria de receber sugestões para implementar as exigências da Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança, na qual a Santa Sé é signatária desde 1990.

Tomasi reconheceu que a questão do abuso de crianças é particularmente grave quando se trata de pessoas que possuem grande confiança e são designadas a proteger o ser humano, incluindo sua saúde física, emocional e espiritual.

- Essa relação de confiança é fundamental e exige grande sentido de responsabilidade e respeito à pessoa que é servida - disse Tomasi.

O Vaticano apresentou um primeiro relatório à ONU em 1994, mas passou quase dez anos sem fazê-lo. Produziu um segundo somente em 2012, depois de receber críticas após as revelações em 2010 de casos de abuso sexual de crianças na Europa e em outros países.

Grupos de vítimas de abusos e organizações de direitos humanos se uniram para pedir ao Comitê da ONU que desafiasse a Santa Sé, fornecendo testemunho escrito de vítimas e provas que mostram a escala global do problema.

O Papa Francisco afirmou recentemente que lidar com o abuso é vital para a credibilidade da Igreja. No mês passado, ele anunciou uma comissão do Vaticano que seria criada para combater o abuso sexual de crianças na Igreja e oferecer ajuda às vítimas. Ele também reforçou as leis do Vaticano sobre o abuso de crianças, ampliando a definição de crimes contra menores.

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