‘Eu vi meu filho morrer’, desabafa mãe de jovem morto na Linha Amarela

Ednalva Pontes, mãe de Adriano Pontes

“Eu vi meu filho sendo arremessado, foi a pior cena da minha vida. Nunca imaginei que iria ver meu filho morrer”. O desabafo é de Ednalva Pontes, de 46 anos, mãe de Adriano Pontes de Oliveira, de 26, morto no desabamento de uma passarela da Linha Amarela, em Del Castilho, na Zona Norte do Rio, na manhã desta terça-feira. Segundo a mulher, o rapaz tinha saído de casa havia cinco minutos para ir ao trabalho e andava pela passarela quando a caçamba de um caminhão atingiu a estrutura. O jovem caiu num córrego. Ele morreu enquanto era socorrido por bombeiros no local do acidente.

- Meu marido e eu estávamos na laje de casa, limpando e pendurando roupas quando eu vi a carreta bater na passarela. Foi nesse momento que vi meu filho sendo arremessado. Eu o reconheci pela roupa - contou.

Adriano Pontes

Segundo ela, Adriano era filho único. A família mora às margens da Linha Amarela, no trecho em frente ao ponto onde houve o acidente. Ednalva, porém, não quis ir ao local por achar que não aguentaria ver o filho morto.

- Sempre vi os caminhões passando aqui correndo muito, mas não dava para pensar numa desgraça assim. Meu filho era um rapaz cheio de sonhos. O melhor filho que uma mãe poderia querer. Comecei a amá-lo incondicionalmente quando ele ainda estava na minha barriga - disse a mulher, chorando muito.

Falta de apoio
O corpo de Adriano foi levado para o Instituto Médico-Legal (IML), no Centro do Rio. Parentes do rapaz foram até o órgão fazer a liberação do cadáver. Tio de Adriano, Luís Carlos de Assis Bezerra, de 50 anos, reclamou da falta de apoio por parte da Lamsa - concessionária que administra a Linha Amarela - e da Prefeitura do Rio.

- Ninguém da Lamsa nem da prefeitura nos procurou para nos dar qualquer apoio. Meu sobrinho era um rapaz trabalhador. O mínimo que poderiam fazer era nos dar um pouco de apoio. A família está arrasada. Foi graças à empresa em que meu sobrinho trabalhava que conseguimos resolver tudo em relação ao sepultamento - disse ele.

Polícia Civil investiga
Um ferido é socorrido no local do acidente

De acordo com a assessoria de imprensa, o delegado Fábio Asty esteve no Hospital Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste da cidade, para ouvir o motorista da carreta. Além disso, testemunhas estão sendo chamadas para prestar depoimento. As câmeras de circuito de segurança da via expressa foram solicitadas.

— É um caso sério e vamos correr para apurar o que de fato aconteceu. Por isso, solicitamos que todos as testemunhas se encaminhem à delegacia para prestar seus depoimentos — disse Asty.

O delegado aguarda a liberação médica das vítimas sobreviventes para que sejam ouvidas. Peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) realizam a perícia no local do acidente.

O trânsito nos dois sentidos da Linha Amarela permanece bloqueado pela queda da passarela.

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