Conheça o novo caça do Brasil, que será produzido com a Suécia
Avião alcança 4 mil km e tem velocidade duas vezes maior que a do som.
Preferido dos militares, é capaz de atacar alvos no ar e terra além da visão.
Gripen NG está em produção na Suécia | (Foto: Saab/divulgação) |
O governo federal anunciou nesta quarta-feira (18) que o Gripen NG, oferecido pela empresa sueca Saab como "a aeronave de combate mais avançada do mundo", será o novo caça do Brasil.
Ao contrário dos outros concorrentes, o Rafale, da francesa Dassault, e o F-18, da norte-americana Boeing, o Gripen NG ainda não voa. Ele começou a sair do papel em julho, quando a Saab iniciou a produção em sua fábrica em Linköping.
A proposta da Saab era considerada mais barata que a dos concorrentes (US$ 4,5 bilhões), além do custo de hora de voo, que é inferior ao dos concorrentes (cerca de US$ 4 mil).
A negociação prevê que o Brasil participe do processo de produção com ampla transferência de tecnologia, o que foi considerado, pelos militares, um dos fatores que interferiu na decisão. A estimativa é que 40% do modelo e 80% da estrutura sejam de fabricação nacional.
A negociação inclui ainda aviões com duas posições (para treinamento), sensores, peças e o treinamento de pilotos e mecânicos, além de acordos com empresas brasileiras.
"Os outros dois caças estão prontos. O que virá conosco será a capacidade de desenvolvimento conjunto, um aprendizado na tecnologia aeroespacial. Não se pensa em margem de lucro", disse, em entrevista ao G1 em julho, o presidente da empresa no Brasil, Bengt Janer.
Ataque além do alcance
O Gripen pode abater outros aviões no ar ou enviar mísseis para o solo, além de realizar ataques contra alvos fora do alcance de visão. Era o “preferido” pela Força Aérea Brasileira em um relatório concluído em 2010, por prever que técnicos brasileiros acompanhassem o processo de criação do modelo, uma versão aperfeiçoada do Gripen E/F, que já está em operação na Suécia, Reino Unido, Índia e Suíça.
Com alcance superior ao do F-18 e do Rafale (até 4 mil quilômetros, devido ao maior tanque de combustível), o Gripen também permitirá desenvoltura diante das dimensões continentais do país para a proteção da Amazônia e do pré-sal, afirma o brigadeiro da reserva Teomar Quírico, piloto de caça com mais de 2 mil horas de voo que já comandou esquadrões de caça da FAB.
"Esta é a melhor opção para o nosso país e para a FAB. Por estar em desenvolvimento, o Brasil tem mais independência ao operar esta aeronave", aponta o oficial.
Outro ponto positivo avaliado pelos militares é a capacidade de integrar sensores e novos armamentos, já que o desenvolvimento será em conjunto e as peças poderão ser produzidas no país. Além disso, é possível usar armas de outros fabricantes. Assim, o Brasil não dependerá, em caso de guerra, da compra de mísseis dos Estados Unidos, o que ocorreria se fosse adquirido o F-18, ou da França, no caso do Rafale.
Processo em andamento
O início da construção do Gripen NG na Suécia, porém, não impede o Brasil de participar do desenvolvimento, já que os governos da Suíça e Suécia decidiram que o Gripen será o caça usado pelos países nos próximos 30 anos.
Além da Aeronáutica brasileira, que receberá 36 aviões, outros 88 já foram encomendados, sendo 60 para a Suécia - que serão entregues entre 2013 e 2026.
"A Suíça fechou um pedido em dezembro de 2012 de uma aeronave que passará por uma reformulação. Ainda há tempo para o Brasil participar do programa desde o início, se a decisão pelo caça ocorrer em breve”, disse Janer na ocasião.
No dia 31 de dezembro, a Aeronáutica aposenta os Mirage-2000, que foram comprados já usados da França, em 2005, em uma estratégia tampão. Os aviões estão sucateados e sem armamento, segundo anunciou o brigadeiro Juniti Saito, comandante da FAB, em agosto.
Enquanto as aeronaves novas não chegam, a Aeronáutica colocará em Anápolis, onde ficam os Mirage atualmente, 5 caças F-5, que são de menor alcance e não voam a até duas vezes a velocidade do som - capacidade que os Mirage possuem e que o novo caça terá.
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