Vídeo – Pastor Marco Feliciano concede entrevista a Sabrina Sato, Assista na íntegra
Vídeo – Pastor Marco Feliciano concede entrevista a Sabrina Sato, do Pânico na Band, e fala sobre as polêmicas em torno da Comissão de Direitos Humanos, vida e família. Assista na íntegra

No bate-papo, descontraído, o pastor respondeu às perguntas sobre as polêmicas em que tem se envolvido e também sobre outras questões políticas que envolvem as disputas no Congresso Nacional.
Sabrina iniciou a entrevista perguntando a Feliciano se ele havia se casado virgem: “Eu posso não responder essa pergunta? É constrangedora… Eu sou um ser humano normal, tenho minhas necessidades, tenho a minha vida. Nem toda vida eu fui evangélico. Eu sou ortodoxo nesse assunto… Pra mim, sexo [é] depois do casamento.
Sobre o ex-deputado federal Domingos Dutra (PT-MA), que ocupou o cargo de presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias antes dele, o pastor Marco Feliciano voltou a reforçar sua postura expressa na entrevista à revista Veja. “No dia anterior, ele conversou comigo, e tava tudo bem. No dia seguinte, deu aquele espetáculo. A pessoa que age assim tem duas caras”.
Questionado sobre sua interpretação para os direitos humanos, Feliciano lembrou de sua atuação no caso do pastor iraniano Yousef Nadarkhani: “Você não sabe, mas foi eu que provoquei uma notícia sobre um iraniano que estava preso no corredor da morte. Ele havia sido acusado do crime de apostasia. Havia deixado o islã, e havia se transformado em cristão. Eu lutei por ele aqui dentro, fui até o Itamaray, tiramos ele do corredor da morte, o Irã perdoou ele, não morreu. Isso é direitos humanos”.
O pastor foi perguntado sobre os dois segmentos sociais que mais estão rendendo polêmicas em torno de seu mandato à frente da CDHM, e repetiu o discurso que vem apresentando desde sua eleição para o cargo: “Qualquer direito que eles tenham roubados, e procurarem a comissão, serão ouvidos da mesma forma. Qual é o poder da Comissão de Direitos Humanos? Ouvir, e encaminhar para o Ministério da Justiça, para os departamentos necessários”, pontuou o pastor, que foi além na questão dos cidadãos de etnia negra: “Existem comunidades no Brasil que são negros herdeiros da época da escravidão, e algumas terras deles estão sendo tomadas. Temos aqui, duas audiências públicas programadas para isso”.
Sobre sua publicação no Twitter em que abordou a maldição proferida por Noé a seu neto, Canaã, Feliciano voltou a negar as acusações de racismo: “Eu nunca disse que negro é amaldiçoado. 70% dos membros da igreja evangélica brasileira são afrodescendentes. Eu sou afrodescendente”. O pastor foi ainda perguntado hipoteticamente sobre como reagiria caso descobrisse que uma de suas filhas se relaciona com um negro: “Se minha filha amasse uma pessoa, de qualquer cor que fosse, eu ia respeitá-la porque é a vida dela”.
Sabrina optou por perguntar diretamente sobre a publicação da maldição ao descendente de Noé: “A Bíblia é um livro muito complexo. Quando eu estava dando esse ensino pelo Twitter, uma das vertentes intelectuais que eu citei foi essa: de que há um pensamento que o continente africano foi formado por um dos descendentes de Noé, e esse foi amaldiçoado. Eu nunca disse que essa era minha posição. O Twitter tem 140 caracteres só. Não se pode falar isso ou aquilo por causa de 140 caracteres. Pra pessoa ser racista, ela tem que ter um histórico racista”.
A repórter e apresentadora do programa Pânico na Band perguntou a Feliciano sobre sua relação com o pastor Silas Malafaia, que recentemente saiu em sua defesa, apesar de ressaltar que possuem “diferenças públicas”. Marco Feliciano foi sucinto: “É um amigo, grande líder”. Sabrina perguntou sobre a relação dele com o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), outra figura polêmica da Câmara dos Deputados, e o pastor respondeu: “Gente boa também”. A entrevistadora então perguntou se eles formariam o trio parada dura, e Feliciano respondeu prontamente: “Eu sou um pouquinho diferente, sou mais tranquilo, não sou tão briguento”.
As manifestações públicas e contrárias de artistas e outros ativistas sobre o pastor foram abordadas pela repórter, que perguntou se não seria melhor que Feliciano divulgasse o amor. O pastor respondeu à pergunta contextualizando a fonte de boa parte das críticas: “Meu pessoal me apresentou uma página no Facebook, com minha foto e mais de cem frases racistas. E na verdade, era falso. O brasileiro tem uma cultura de ir pela cabeça dos outros, e não procura saber a fonte”.
Sabrina voltou à questão da homossexualidade, e perguntou ao pastor qual havia sido a verdadeira declaração dele contra a prática que havia causado tanta repercussão: “Como deputado, eu sou um guardião da Constituição. No artigo 226, parágrafo 13, diz assim: ‘Só é reconhecido como casamento civil, aquele que se tornou depois de uma união estável, a união entre um homem e uma mulher. Isso é o que está escrito na Constituição. Qualquer luta para que isso seja ao contrário, é preciso que seja apresentado no Congresso Nacional um projeto de emenda constitucional”, disse, interrompido pela repórter que questionou se Feliciano não concordava que era um direito dos homossexuais: “Direitos sim, privilégios não. Se você quebra uma lei estabelecida aqui dentro [Constituição Federal], você abre o presságio e quebra todas as outras”.
“Você acredita que eles têm que continuar lutando?”, perguntou Sabrina Sato. O pastor respondeu contra-atacando: “Sim. Mas eles têm que lutar com um pouco mais de inteligência. Tragam o projeto, coloquemos em votação. Isso é votado pelo colegiado, e que vença o melhor argumento. Porque esses ativistas nunca fizeram isso? Eles tem que mudar a Constituição, para depois serem votadas as outras coisas”.
A respeito da PL 122, que prevê a criminalização da homofobia, e que enfrenta resistência da bancada evangélica por não especificar o que caracterizaria o crime e por ser, ao entender da maioria dos líderes cristãos, uma tipificação de cidadão privilegiado, Feliciano afirmou que “do jeito que está, não [pode ser votada]”, e explicou um pouco sobre os bastidores do Congresso: “Nós já tentamos sentar com o pessoal da PL 122 para apresentar uma coisa que chegue ao bem comum de todas as pessoas. O deputado Jean Wyllys, antes da votação, eu chamei ele ali no cafezinho do Plenário e falei: ‘Jean, vamos tentar um diálogo?’”.
O pastor disse ainda que tenta manter um relacionamento no âmbito parlamentar com o ativista gay e deputado federal Jean Wyllys, e posicionou-se sobre a ameaça de processo feita por ele: “Meu relacionamento com o Jean aqui dentro, nós sempre conversamos amigavelmente. Mesmo ele me alfinetando sempre no Twitter. A diferença é que o povo dele vem pra briga, e o meu povo só ora. Os evangélicos não são contra gays, eu não sou [...] O problema não são os gays, [eles] são gente boa. Tem um menino que mora na minha cidade, é ele que faz o aniversário das minhas filhas, mobília minha casa, enfeita minha casa, almoça comigo e com a minha esposa e é homossexual [...] O problema são os ativistas. Eles recebem pra isso, e vem pra tumultuar, não vem para o diálogo”, explicou Marco Feliciano.
O pastor revelou ainda que os ativistas que tem tumultuado as sessões da CDHM impediram que fosse votada uma moção de repúdio ao presidente interino da Venezuela, NIcolás Maduro, que tenta a reeleição e que já fez declarações homofóbicas. “Pergunta se a militância deixou a gente votar? Eles não queriam saber o que estava fazendo. Me rotularam como homofóbico porque eu luto pelos votos que eu represento. 212 mil fiéis evangélicos que pensam como eu”.
O pastor foi perguntado sobre uma eventual renúncia ao cargo de presidente da CDHM, e frisou que não pensa nessa opção: “Uma coisa é você dialogar como adulto. Uma coisa é você chegar em casa e ter que explicar para uma criança de dez anos porque que na escola falam que seu pai é racista. Isso dói, isso machuca. Então uma renúncia minha agora, é como se eu assinasse um atestado de confissão. ‘Eu sou mesmo, então eu estou abandonando’. Então, eu não sou, e estou aqui para provar isso”.
Confira abaixo, a íntegra da entrevista, em que o pastor Marco Feliciano falou ainda sobre questões teológicas a respeito do dízimo e explicou novamente o episódio do cartão de débito:
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