Hotel da Bahia é reaberto após três anos e mantém inclinação cultural
Prédio foi reinaugurado no dia 7 de março; obra deve ser finalizada em maio.
Compra e restauração do imóvel custaram, ao total, R$ 100 milhões.
De acordo com Jan Von Bahr, gerente-geral, entre a compra do prédio e a reforma, o gasto para colocar o prédio em funcionamento foi de R$ 100 milhões. “Como é um imóvel tombado, não pudemos fazer modificações nas paredes externas, no teto e em alguns painéis internos, mas não era nosso objetivo mesmo”, disse. “Internamente, mantivemos o painel do artista Genaro de Carvalho, alguns pisos, portas e os corrimãos de madeira”, descreve.
O gerente destaca o valor cultural do hotel, que tem o interior decorado por obras de arte de nomes como Carybé e Pierre Verger. “A ideia era manter e cultivar as obras de artes, que foram restauradas, além de termos adquirido outras. O painel de Genaro de Carvalho foi todo refeito e dá nome a um de nossos restaurantes e, em cada quarto, há uma fotografia de Pierre Verger”, detalha.
Para reforçar o perfil cultural, a reforma do hotel incluiu a construção de um teatro. Lá serão promovidas espetáculos e pequenos concertos. “O hotel é histórico. Você pega um táxi em Salvador e o motorista, com certeza, tem uma história sobre ele; você conversa com as pessoas e elas te contam histórias sobre o hotel, que se casaram aqui, que fizeram sua festa de debutante aqui. Todo mundo tem uma história com o hotel”, diz o gerente.
Atualmente, o hotel, localizado no Campo Grande, funciona em regime de "soft opening", com a capacidade reduzida. “Metade dos apartamentos está pronta e a previsão é que em maio toda a reforma já esteja concluída”, explica Bahr.
Valor cultural
Tombado em 2010 como Bem Cultural do Estado pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC), o projeto original do Hotel da Bahia é de Diógenes Rebouças, um dos principais nomes da fase modernista da arquitetura e do urbanismo de Salvador, responsável também pelo Estádio da Fonte Nova, Avenida Lafaiete Coutinho, conhecida como Contorno; Escola de Arquitetura, Escola Parque, entre outros.
"Essa foi uma obra muito importante para o modernismo, não só na Bahia quanto no Brasil. O projeto original era com pastilha, esquadrias de madeira para o sistema de ventilação tropical. Mas tem peso muito mais cultural e histórico do que o de uma arquitetura impressionante", explica o arquiteto e professor da Universidade Federal da Bahia, Neilton Dórea.
Ele lembra que o primeiro projeto foi reconfigurado anos depois para ampliação dos quartos. Na ocasião, Lourenço Valadares assinou a obra, sob coordenação do próprio Diógenes Rebouças. "Teve uma interferência muito grande na estética, mudança total, muitos arquitetos historiadores não gostaram. Agora, fizeram uma restauração em cima do projeto de Lourenço", retrata.
A artista plástica Lígia Aguiar recorda alguns episódios que marcaram a fama do hotel. "Foi o maior de Salvador naquele tempo. Era usado para atividades sociais, grandes casamentos, as pessoas da sociedade. Na inauguração, veio artistas nacionais e internacionais. Tinha o baile do Galo Vermelho, todo mundo ia para esse carnaval, era como tem no Copacabana Palace. E tem toda a história ligada com a arte", conta.
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