Sete erros comuns na hora de educar os filhos
A criança grita, questiona os limites e desafia os pais.
Após muita conversa, muitos apelam para a tática do xeque mate: "Ou você
come, ou não joga videogame." "Não vai arrumar o quarto? Então não
vamos passear hoje." Algumas vezes, a ameaça traz resultados; em outras, é
preciso ainda mais paciência. Mas até que ponto a autoridade pode chegar? Não
há uma fórmula de como educar, mas psicólogos afirmam que o diálogo é sempre a
melhor alternativa. Eles dão conselhos para evitar os erros que os pais mais
costumam cometer na hora de ensinar. Confira a seguir:
Erro 1: desautorizar o pai (ou a mãe) na frente da
criança
Imagine a situação: a criança quer tomar sorvete antes do
almoço. Para a mãe, de jeito nenhum, mas para o pai fala: "Por que não? Só
hoje". Isso pode fazer uma confusão na cabeça do pequeno. "Ele
entenderá que o limite imposto por um dos pais não é verdadeiro e essa ideia
pode dificultar que a criança obedeça e cumpra regras", declara a
psicóloga Aline de Aguiar, do Rio de Janeiro, doutora em Psicologia Social.
Claro que é normal que o casal não concorde em tudo, mas Aline sugere que seja
feita uma conversa longe da criança para definir, em comum acordo, as regras da
casa.
Erro 2: "Faça o que digo, não faça o que eu
faço"
Os pais são a referência do filho. Aline de Aguiar conta
que as brincadeiras de imitação começam desde bebê, com a criança tentando
fazer as mesmas caras dos pais, os mesmos sons. Conforme o pequeno cresce,
passa a questionar quando não pode ser igual a eles. "O exemplo é muito
mais forte para a criança do que as palavras", comenta a psicóloga.
Hábitos como não fumar, comer verduras e legumes e dormir cedo pode fazer com
que a criança entenda desde cedo a importância de levar um estilo de vida mais
saudável.
Erro 3: Ceder à birra da criança
É verdade que há momentos em que ela irá espernear
demais. Mas ceder a isso é deixar que o filho fique no comando, ou seja, ele
irá achar que pode conseguir tudo o que quer, na hora que quiser - basta
chorar. A psicóloga Aline explica que as crianças desafiam e buscam o limite o
tempo todo. "Mas sem esse limite pode haver insegurança pois não fica
claro o que é certo ou errado diante de situações da vida", diz. O melhor
a fazer é dizer para ela que a birra não vai adiantar, sempre com muito
diálogo. Uma hora ela irá perceber que a choradeira não trará resultado e irá
parar.
Erro 4: Não dar explicações
As regras são mais fáceis de serem seguidas se forem
compreendidas. Simplesmente dizer "não pode", "você não
vai", pode deixar a criança brava por não entender o motivo. É claro que
existem explicações complexas demais para o pequeno entender, como dizer o que
é um choque ao colocar o dedo na tomada, mas há outras abordagens mais
eficientes. "Nessas horas, vale investir no afeto e explicar com
paciência: "Não pode colocar o dedo na tomada, você pode se machucar;
papai te ama e quer que você fique bem! Venha cá que quero te dar um abraço"
sugere a psicóloga Aline. A demonstração de carinho ajuda a mostrar que você
impõe regras porque quer o bem do filho.
Erro 5: Contar pequenas mentirinhas
Contar que o "bicho papão" pode pegar o filho
se ele não comer salada nem sempre é uma boa forma de educar. Segundo a
psicóloga Rosmairi Oliveira, de São Paulo, a criança fica sempre muito atenta
ao comportamento e às atitudes dos pais e pode perceber, com o tempo, as
pequenas mentiras. "Pais que mentem têm grande chances de criar filhos
também mentirosos", afirma. No futuro, quando a criança dizer que já fez o
dever de casa enquanto, na verdade, jogava videogame pode parecer só mais uma
mentirinha sem consequências.
Erro 6: Fazer ameaças
É comum os pais ameaçarem a criança com a punição de
tirar-lhe algo bom, caso a criança seja desobediente - ou presenteá-la ao
concluir algo de bom. "Isso é condicionar o comportamento, sem mostrar a
importância dele", conta a psicóloga Rosmairi.
Além disso, ameaçar sem cumprir é ainda pior: isso
enfraquece a moral dos pais, pois a palavra fica árida, autoritária e ainda
falsa. "Mentiras, chantagens e ameaças não ajudam os filhos a lidar com as
frustações, amadurecer os valores e fazer uso de estratégias pró-ativas na
vida", conclui a especialista.
Erro 7: Comentar os defeitos do companheiro na frente do
filho
Sejam pais separados ou com conflitos dentro de casa, a
regra é clara: evite fazer do filho um muro de lamentações. Segundo a psicóloga
Rosmairi, a grande necessidade de denegrir a imagem do parceiro vem da
necessidade de obter a cumplicidade da criança. "Isso é uma tortura para
ela que, muitas vezes, se vê dividida entre o pai ou a mãe", alerta. Em
vez de o pequeno se sentir protegido, pode ficar inseguro, não ter um exemplo
de afetividade e sofrer com a ausência de harmonia e união da família.
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