Assis Valente, o baiano que criou a mais bela música de Natal
O menino pobre do interior da Bahia, Santo Amaro, que não
chegou a conhecer os pais e cujo Natal era referência de exclusão e tristeza
por não ganhar os presentes do Papai Noel, escreveu seguramente a mais bela
música de “boas festas” do Brasil, a única que se iguala em popularidade às
versões das músicas europeias e americanas de época, o jingle Bell e Merry
Christmas, dentre outras, para citar as de maior recall.
Quando Assis Valente escreveu os versos que hoje empolgam
crianças e adultos, e são a expressaõ máxima do politicamente correto, era o
ano de 1932. O músico, ilustrador e protético, então um compositor emergente,
procurava um espaço nas rádios do Rio de Janeiro, onde residia, para divulgar o
seu trabalho. Seu nome começava a chamar a atenção de alguns de seus futuros
intérpretes: Carmem Miranda e Dorival Caymmi que aparecem com ele na foto deste
post, mas também Moreira da Silva e Carlos Galhardo, dentre outros.
Os versos da música de Assis Valente que denominou de
“Boas Festas” contam a história de um menino triste que aguarda pela visita que
nunca chega do Papai Noel: “Eu pensei que todo mundo/Fosse filho de Papai
Noel/E assim felicidade/Eu pensei que fosse/Uma brincadeira de papel/Já faz
tempo que eu pedi/Mas meu Papai Noel não vêm/Com certeza já morreu/Ou, então
felicidade/É brinquedo que não tem”.
Em 1935, o compositor lançava outra música natalina que
também faz sucesso hoje, “Recadinho de Papai Noel”. Desta vez é o menino já
adulto que implora pela atenção do bom velhinho: “Papai Noel se quiser/Vai me
fazer um favor/Eu quero a lua para mim/Para mim e meu amor/Aquela lua de mel/E,
noite nupcial/Para ver se ainda sou feliz/Na noite de Natal.
Papai Noel não atendeu o baiano triste que amargurado e
infeliz e sufocado pelas dívidas atirou-se um dia do Alto do Corcovado, salvo
milagrosamente por um galho de árvore. E anos depois, ainda atormentando, nos
deixava para sempre após ingerir formicida com guaraná num banco de praia. No
seu bilhete de despedida uma lacônica frase expressava a sua angustia:”vou
parar de escrever pois estou chorando de saudades de todos e de tudo”.
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