Bispo Macedo crítica aproximação da Globo com evangélicos e reafirma que meta da Record é a liderança: “Vamos arrebentar”
O bispo Edir Macedo concedeu uma entrevista à revista
IstoÉ e falou sobre a perseguição à Igreja Universal do Reino de Deus por parte
da cúpula da Igreja Católica, os destinos da denominação e da TV Record, sua
relação com a presidente Dilma Rousseff e seu desapego ao dinheiro.
Para Macedo, o que incomoda os opositores da Universal é
“a perda de espaço e privilégios” de setores como a Igreja Católica e da TV
Globo, por exemplo.
Na entrevista, o bispo questionou as intenções da
emissora da família Marinho em relação aos evangélicos: “Há um claro
preconceito por trás disso. Uma postura agressiva velada. Ou alguém duvida que
a Globo só me ataca e ataca a Igreja Universal por causa da Record? Para eles,
a Record é uma ameaça. Naquele tempo da minha prisão, por exemplo, houve um
escândalo sem precedentes na televisão de que pouca gente lembra. A Globo teve
a petulância de colocar, em uma cena de novela, uma atriz, prestes a ter
relações sexuais, jogando o sutiã em cima da ‘Bíblia Sagrada’. Você tem ideia
do que isso significa? Uma afronta ao símbolo maior da fé cristã. A ‘Bíblia’
não é um livro sagrado apenas da Igreja Universal, mas de todos os cristãos. E
o que aconteceu? Nada! Muita gente aplaudiu, achou bonito. Em outro país, essa
emissora de tevê não passaria sem punição. E agora, vários anos depois, essa
mesma emissora quer patrocinar eventos de música gospel? Dá para acreditar nas
intenções dessa empresa? Estranho, não é?”.
Edir Macedo afirmou ainda que não se intromete na
administração da TV Record, que às vezes é surpreendido por uma estreia de
programa, e que algumas de suas sugestões aos dirigentes contratados são
descartadas.
O bispo também revelou não ter residência fixa devido às
suas muitas viagens pelo mundo para acompanhar o crescimento da Universal, e
que vive com a ajuda de custo oferecida pela igreja e os vencimentos que recebe
por seus direitos autorais. Edir Macedo disse não receber nada da TV Record,
embora a emissora seja a única empresa em seu nome: “Todo o lucro é reinvestido
na própria Record. Ela está aí para crescer e conquistar um espaço ainda
maior”.
Segundo Edir Macedo, os planos são de crescimento e
expansão em todo o Brasil: “Nosso foco está bem definido. Vamos chegar lá.
Vamos arrebentar”.
Confira abaixo, a íntegra da entrevista concedida pelo
bispo Edir Macedo à revista IstoÉ:
Edir Macedo estava no apartamento de aproximadamente 200
metros quadrados no último andar do prédio da Igreja Universal do Reino de
Deus, na avenida João Dias, em São Paulo, quando soube que o lançamento de sua
autobiografia “Nada a Perder”, na Argentina, fora um sucesso (leia reportagem à
pág. 68). Na sequência, Macedo foi informado de que o livro também será
traduzido para o francês e imediatamente começou a procurar data na agenda para
promover um lançamento em Paris no início do próximo ano. Foi no embalo dessas
notícias que, no domingo 18, sentado no sofá da sala do imóvel que costuma
ocupar quando está em São Paulo, Edir Macedo concedeu entrevista exclusiva à
ISTOÉ. Nos últimos sete anos, é a primeira entrevista do bispo a um meio de
comunicação que não pertence a ele. Aos 67 anos, o líder da IURD e dono da Rede
Record entende que ainda é tratado como o chefe de uma seita pela cúpula
católica. Ele relata o último encontro que teve com a presidenta Dilma
Rousseff, afirma que milagres continuam a ocorrer em seus templos e se mostra
emocionado quando faz referência às pessoas que conseguem encontrar na
Universal um novo caminho para suas vidas.
Como é sua rotina? Por que o sr. não mora no Brasil?
Não tenho uma rotina definida. Dedico cem por cento do
meu tempo às questões espirituais da Igreja Universal do Reino de Deus em todo
o mundo. Não exerço uma profissão ou um cargo executivo, exerço uma missão de
fé que tem como único objetivo pregar o Evangelho. Isso exige certos
sacrifícios, como, por exemplo, não ter uma residência fixa. Viajo os
continentes, o máximo que posso, para ensinar o que temos recebido de Deus aos
pastores e ao nosso povo. Em quase todos os países, moro em apartamentos
construídos no prédio da Igreja. Minha vida se resume ao altar e ao convívio
com minha esposa, Ester.
O sr. é um homem rico?
Vivo da ajuda de custo da Igreja e dos direitos autorais.
A Igreja Universal não é patrocinada pelo governo ou por qualquer iniciativa
privada. Temos despesas para pagar. Aluguéis, reformas e construções de
centenas de templos, contas milionárias de luz e água, ajuda de custo de
milhares de pastores, mais de 5.800 funcionários registrados etc., etc… Quem
paga tudo isso? O dinheiro não cai do céu. É Deus quem dá o sustento para a Sua
Igreja abençoando a vida das pessoas. Quanto mais elas recebem, mais elas nos
ajudam a investir no Evangelho. E mais: nunca recebi nenhuma remuneração da
Record, nem como pró-labore ou como ganho de lucros, conforme demonstrado nos
balanços da emissora, registrados na Junta Comercial. Todo o lucro é
reinvestido na própria Record. Ela está aí para crescer e conquistar um espaço
ainda maior.
Além da Record, o sr. possui empresas em outros ramos?
Tenho em meu nome a Record, mas meu prazer mesmo é pregar
o Evangelho.
O bispo Edir Macedo consegue se distanciar do empresário
das comunicações Edir Macedo?
Deixo os negócios sob responsabilidade dos profissionais
contratados para tocarem o dia a dia da Record, por isso não me considero um
empresário. Não tenho riqueza maior na vida do que a minha fé. O nome do meu
livro não é uma mera expressão literária. Não tenho nada a perder. E isso é um
recado claro e direto a quem interessar.
Logo no início do livro o sr. diz que, no momento de sua
prisão, políticos de prestígio, empresários, juízes e desembargadores tomavam
decisões sob a influência do alto comando católico. Quais eram os políticos e
juízes que agiam sob influência da cúpula católica?
A Igreja Universal foi e continua sendo atacada. Isso não
acabou. Somos sempre alvo de certos setores da sociedade incomodados com a
perda de espaço e privilégios, como a Globo e o Vaticano. Há um claro
preconceito por trás disso. Uma postura agressiva velada. Ou alguém duvida que
a Globo só me ataca e ataca a Igreja Universal por causa da Record? Para eles,
a Record é uma ameaça. Naquele tempo da minha prisão, por exemplo, houve um
escândalo sem precedentes na televisão de que pouca gente lembra. A Globo teve
a petulância de colocar, em uma cena de novela, uma atriz, prestes a ter
relações sexuais, jogando o sutiã em cima da “Bíblia Sagrada”. Você tem ideia
do que isso significa? Uma afronta ao símbolo maior da fé cristã. A “Bíblia”
não é um livro sagrado apenas da Igreja Universal, mas de todos os cristãos. E
o que aconteceu? Nada! Muita gente aplaudiu, achou bonito. Em outro país, essa
emissora de tevê não passaria sem punição. E agora, vários anos depois, essa
mesma emissora quer patrocinar eventos de música gospel? Dá para acreditar nas
intenções dessa empresa? Estranho, não é?
A relação dos líderes católicos com a Universal mudou de
lá para cá? E com o Judiciário?
Não temos relação com esse segmento religioso (os
católicos) porque eles ainda nos consideram como seita. Não temos nada contra o
povo católico, em sua enorme maioria formada por gente sincera e de bem. Depois
de 35 anos, apesar do trabalho social e espiritual desenvolvido pela Igreja
Universal, ainda somos tratados com preconceito, mas vamos em frente, vamos
arrebentar de qualquer maneira. Sempre foi assim. Sobre os membros do Judiciário,
penso completamente diferente. Tenho uma avaliação extremamente positiva do
nosso Judiciário. Confio muito no senso de justiça e independência da classe de
magistrados do nosso país.
Como o sr. se relaciona com a presidenta Dilma Rousseff?
E com os ex-presidentes Sarney, Collor, Fernando Henrique e Lula?
Ao longo dos últimos anos tivemos alguns encontros com a
presidenta Dilma, por quem tenho profundo respeito. O último encontro aconteceu
em Londres, durante os Jogos Olímpicos. Procuramos mostrar a ela e aos demais
ministros que a democracia nos meios de comunicação, principalmente na
televisão, é o melhor caminho para o Brasil. Alertei a presidenta Dilma que o
monopólio nas comunicações é um caminho perigoso para o País. Também tivemos
algum relacionamento com os demais presidentes brasileiros e diversas
autoridades de outros países. Mais isso vou detalhar no volume dois do meu
livro de memórias.
O sr. é bem tratado pelos agentes do poder?
Todos nos tratam com consideração pelo trabalho de
recuperação social que a Igreja Universal realiza junto às mais variadas
classes sociais. Quantos bilhões os governos economizam com o atendimento
espiritual proporcionado pela Igreja Universal? Quando alguém vence uma crise
crônica de depressão ou supera o vício das drogas, por exemplo, quanto o
sistema de saúde público economiza? Imagine esse efeito multiplicado aos
milhões.
Estudiosos das igrejas neopentecostais têm pesquisas
mostrando que os fiéis costumam fazer um rodízio entre as inúmeras
denominações. A Universal seria a preferida daqueles que passam por problemas
financeiros. Isso é real?
A Igreja Universal é um pronto-socorro espiritual. Ela
recebe gente que sofre com os mais variados males, entre eles dificuldades
financeiras. Isso me faz lembrar uma importante reflexão. Se tanta gente chega
arruinada e é enganada e explorada por nós, como dizem por aí, por que elas
permanecem na Igreja Universal? O que é enganado, se deixaria enganar uma única
vez e não voltaria nunca mais. Mas por que existem tantos templos lotados no
Brasil? Por que existem tantos membros fiéis com décadas de Igreja? Como
explicar esse crescimento em todo o mundo, acima de culturas, raças e idiomas?
Não é o cumprimento da promessa do bispo Macedo na vida delas. É o cumprimento
dos juramentos bíblicos.
Sociólogos são unânimes ao explicar o sucesso da Igreja
Universal pela máxima de que em seus cultos sustenta-se que a felicidade plena
deve ser alcançada e conquistada na vida presente. Então, no seu entender, como
seria a vida eterna, a vida pós-morte?
Exatamente como a “Bíblia” ensina: salvação da alma para
os que aceitam e praticam essa fé e condenação para os que não aceitam. Isso
está escrito de maneira simples e objetiva. Acredita quem quer. O destino após
a morte é definido pelas escolhas que o ser humano faz em vida. O céu e o
inferno não são folclore. Aceitar o Senhor Jesus como seu Salvador é o único
caminho da salvação eterna da alma. E essa é a maior riqueza de qualquer pessoa.
Não existe bem maior do que a salvação da nossa alma.
A principal acusação que o levou à prisão foi a de
charlatanismo, em razão de cultos em que havia exorcismo. Nos cultos realizados
pelo padre Marcelo Rossi, por exemplo, também se diz que os dons do Espírito
Santo são usados para a operação de milagres. O que o difere do padre Marcelo?
Não tenho a mínima ideia do que acontece em outros
lugares. O fato é que a Igreja Universal baseia sua crença cem por cento nos
ensinamentos da Palavra de Deus. E na “Bíblia” existem exemplos claros e
incontestáveis da manifestação da fé através da realização de curas e da
libertação espiritual. Temos milhares de histórias reais de pessoas que
experimentaram esses milagres e podem atestar, nos dias de hoje, a veracidade
das promessas cristãs. Mas o maior milagre é a conquista da fé inteligente,
capaz de gerar uma mudança radical de comportamento, a transformação completa
de pensamentos e de valores.
No livro, o sr. sugere que as perseguições contra a
Universal aumentaram depois da compra da Record.
Como disse, o avanço da Record incomoda muita gente.
Crescimento ainda maior da Record significa o fim do monopólio, dos mandos e
desmandos de certos barões da mídia, de grupos religiosos conservadores
contrários à prática da fé que ensina as pessoas a pensar livremente. São esses
setores da sociedade que sempre nos atacaram. Muita gente me odeia sem ao menos
me conhecer. Pessoas que nem sequer pararam para pensar mais a fundo sobre os
princípios que defendemos. Eu só quero que elas pensem e não formem suas
opiniões pelo que leem nos jornais ou veem na televisão. Eu sei que a tendência
da maioria é ter uma opinião negativa sobre nós porque as pessoas sempre foram
alimentadas pelas informações da mídia. Eu não as culpo. Desejo apenas que
pensem. Só isso. Pensem.
O sr. interfere no dia a dia da Record? Tem conhecimento
prévio do que vai ao ar?
Existe um comitê de gestão formado pela presidência,
vice-presidências e algumas diretorias estratégicas que tomam as decisões no dia
a dia da Record. Eles se reportam a mim, de tempos em tempos. São profissionais
competentes que têm feito um ótimo trabalho e em quem depositamos nossa
confiança. Muitas vezes sou surpreendido por uma estreia ou outra no ar. É
claro que também dou minhas opiniões e sugestões, mas são muito raras. Algumas
são reprovadas (risos) e outras aprovadas, como a produção de minisséries
bíblicas, a exemplo de “Rei Davi”. Foi uma inovação importante para a televisão
brasileira. O trabalho foi belíssimo, alcançou um excelente resultado de
audiência e atingiu diferentes tipos de público. A determinação geral é
seguirmos firmes na construção de uma emissora de tevê com programação
diversificada e de qualidade, voltada para todos os brasileiros.
Quais os seus planos para o futuro da emissora, já que o
mercado das comunicações passa por grande transição?
A Record tem um projeto de televisão em andamento. Não
vivemos de um acerto pontual ou outro na programação. Construímos um
departamento de jornalismo sólido e com credibilidade, uma fábrica de novelas
própria com milhares de funcionários e um projeto comercial que conquistou a
confiança dos anunciantes. O ano de 2013 será de grandes investimentos em nossa
emissora. Nossa meta é a liderança, não importa o tempo que isso demore para
acontecer. Nosso foco está bem definido. Vamos chegar lá. Vamos arrebentar.
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