Construção civil e logística em alta com a Copa de 2014


Evento esportivo deve gerar 700 mil novos empregos, diretos e indiretos. 
Hotelaria, logística e TI também estão buscando profissionais.


A Copa do Mundo de 2014 está realizando os sonhos do engenheiro civil Fábio Prado, de 25 anos. Antes mesmo de terminar a faculdade, em 2009, ele já sabia que gostaria de trabalhar com construção de estádios. Com o evento esportivo, ele conseguiu emprego no escritório responsável pelos projetos de engenharia do estádio do Corinthians, em São Paulo, do Grêmio, em Porto Alegre, e o da cidade do Recife.
Além da engenharia, os setores de hotelaria, logística, turismo e tecnologia da informação já oferecem oportunidades de olho no Mundial. Segundo levantamento Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), feito pela Fundação Getúlio Vargas, a estimativa é que a Copa seja responsável pela criação de 700 mil novos empregos, diretos e indiretos.

"Sempre fui fascinado por construções. Todo mundo falava sobre a Copa no Brasil e vi a possibilidade de atuar nesse ramo e participar de grandes projetos, mais complexos”, diz.
Engenheiro civil Fábrio Prado Copa de 2014 1 (Foto: Flavio Moraes/ G1)Engenheiro Fábio Prado trabalha na empresa que faz o estádio do Corinthians (Foto: Flavio Moraes/ G1)
Prado fez um projeto de conclusão de curso sobre a construção de estádios em 2009, no Instituto Mauá de Tecnologia, e foi indicado por uma professora para trabalhar em um escritório de engenharia que atua neste setor. “Foi um planejamento de carreira e de marketing pessoal também. Eu já tinha interesse na área e o projeto da faculdade me deixou mais preparado para atuar”, conta.

Hoje, ele ainda trabalha na mesma empresa, a EGT Engenharia, e sua função é otimizar os projetos dos estádios. Ele realiza testes em softwares para analisar se a estrutura realmente é segura e se tudo o que foi planejado está sendo realizado. “Conseguimos até simular torcedores pulando para avaliar o comportamento e a segurança”, explica Prado.

Com a proximidade da Copa, o engenheiro ressalta que ainda dá tempo para encontrar um emprego no setor de construção civil, já que muitas obras de infraestrutura em rodovias, portos e aeroportos estão acontecendo. “O mercado é muito grande e as empresas sempre estão procurando pessoas qualificadas para trabalhar.”

Áreas em alta
As empresas já começaram a buscar profissionais para preencher seu quadro de funcionários e não perder oportunidades de negócio que vão surgir com a Copa do Mundo de 2014..

“Essa é a janela de oportunidades que os brasileiros têm para se profissionalizar e conseguir uma boa posição no mercado”, afirma José Augusto Figueiredo, vice-presidente de operações da DBM Brasil e América Latina.

Para Cássia Silveira de Assis, coordenadora do curso de engenharia civil do Instituto Mauá de Tecnologia, as oportunidades que apareceram com o Mundial devem continuar mesmo depois do evento. “Ele deu visibilidade para a necessidade de infraestrutura em rodovias e aeroportos. Com o desenvolvimento do país, algumas obras ficaram paradas e agora todas precisam andar, por isso o mercado de trabalho está aquecido.”
Engenheiro civil Fábio pRado no estádio do Corinthians (Foto: Flavio Moraes/ G1)Prado sonhava em trabalhar com estádios antes
de terminar a faculdade (Foto: Flavio Moraes/ G1)
"Profissionais de outras áreas também podem atuar em parceria com os engenheiros, sendo muito comum encontrar equipes formadas por geólogos, engenheiros e gestores ambientais, biólogos e físicos", relata Gisleine Coelho de Campos, coordenadora do curso de engenharia civil da Universidade Anhembi Morumbi.
O setor de hotelaria também está se estruturando para atender os turistas que estarão no Brasil. As redes estão investindo em cursos de idiomas e de formação. Segundo Francisco Gentil Vieira, coordenador do curso de hotelaria da Anhembi Morumbi, as empresas estão buscando mão de obra na faculdade porque não encontram profissionais qualificados para trabalhar. “Como a hotelaria é uma prestação de serviço em que o profissional deve estar preparado para atender o público, principalmente em eventos como esse.”

Outra área que vai buscar trabalhadores é a logística, já que a estrutura de transportes será bastante exigida durante o Mundial. Profissionais com pouca experiência ou que desejam iniciar carreira no setor devem aproveitar. Segundo Figueiredo, haverá uma grande demanda por mão de obra de nível médio.
A tecnologia da informação continuará tendo um papel importante para o desenvolvimento de soluções que vão facilitar a rotina de trabalho, como softwares para engenheiros e sistemas administrativos para hotéis. "É um setor que já está em alta há alguns anos e deve continuar", afirma Figueiredo.
Para quem são as vagas

Profissionais que já atuam nas áreas de construção civil, hotelaria, turismo e logística têm mais chances para conseguir uma oportunidade de trabalho, mas quem está em busca de um emprego também pode aproveitar o momento. “Muitas empresas estão preocupadas em capacitar seus funcionários. Quando um hotel, por exemplo, começa a atuar precisa de uma área de contabilidade e de um escritório. As coisas estão ligadas em cadeia e o crescimento acontece em todos os setores”, diz Figueiredo.

Perfis de emprego para a Copa do Mundo

Construção Civil
Nível Superior:Engenheiro civil, geólogo, gestor ambiental, físico, biólogo.

Nível Médio e Fundamental: Pedreiro, carpinteiro, marceneiro, pintor, técnico em segurança do trabalho, mestre de obras, servente.
Logística
Nível Superior: Administrador de empresa, contador.

Nível Médio e Fundamental: Motorista, entregador, auxiliar de carga e descarga, auxiliar administrativo.
Tecnologia da Informação
Nível Superior Programador, desenvolvedor, administrador de data center.

Nível Médio: Técnico em informática, técnico em manutenção.
Tursimo e Hotelaria
Nível Superior: Turismólogo.

Nível Médio e Fundamental: Recepcionista, vendedor, operadores de telemarketing, faxineira, cozinheiro, guia turístico, garçom, barman, administrador de empresa, contador.
 Além de engenheiros, a área de construção civil recruta mestre de obras, pedreiros, pintores, técnico em segurança do trabalho, carpinteiros, marceneiros e serventes. "É preciso ter uma equipe multidisciplinar para conseguir uma boa solução", ressalta Cássia. Para ela, o candidato precisa estar preparado para começar a trabalhar rapidamente, atendendo a necessidade do empregador.
No setor de turismo e hotelaria existem vagas para atuar em agências, hotéis e eventos. Recepcionistas, vendedores, operadores de telemarketing, faxineiras e cozinheiros são alguns dos profissionais que podem encontrar uma nova oportunidade com a Copa. "A expectativa é otimista, mas ainda precisamos organizar melhor o ramo de hospedagem", acrescenta Vieira.
Em logística são requisitados técnicos em logística, motoristas, ajudantes de carga e descarga, auxiliar administrativo. Já para o segmento de tecnologia da informação, as empresas buscam programadores, desenvolvedores, técnicos em informática e em manutenção e administradores de data center.

Formação para atuar na Copa
Leonel Estevan, de 20 anos, percebeu o número de oportunidades que estão surgindo com a Copa de 2014 e decidiu buscar capacitação no exterior para atuar no setor de hotelaria. Ele estuda hotelaria  e desde 2010 trabalhava em uma grande rede de hotéis. No ano que vem ele vai para o Instituto Glion, na Suíça, para aprimorar seus conhecimentos.
Leonel Estevan estudante de hotelaria (Foto: Arquivo Pessoal)Leonel Estevan estudante de hotelaria
(Foto: Arquivo Pessoal)
“Quando entrei na faculdade não tinha pensado na Copa, mas quando vi o boom hoteleiro que o país teria resolvi investir na minha formação”, diz.
O projeto de Estevan é adquirir mais experiência no exterior para conseguir atender os turistas que estarão no Brasil. Segundo ele, conhecer a cultura e os costumes de lugares diferentes vai ajudá-lo em sua profissão.

Estevan voltará para o país em janeiro de 2013 e acredita que terá um grande campo de atuação, mesmo estando tão perto da realização da Copa do Mundo. “Antes eu nem pensava em voltar, queria ficar no exterior porque achava que não havia campo de atuação, mas agora quero voltar para o Brasil”, ressalta.

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